Michelin prepara-se para fazer mudanças já em 2024
Para manter a sua competitividade global, a Michelin mudará o Centro de Atenção ao Cliente de Karlsruhe para a Polónia e manterá a sua presença na Alemanha, continuando a modernizar os seus outros centros de produção: a fábrica de pneus de turismo em Bad Kreuznach, e a atividade de recauchutagem de pneus para camiões em Homburg
Os pneus low cost para camiões provenientes de países asiáticos, e o aumento dos custos de produção na Alemanha, levaram a Michelin a tomar decisões inevitáveis para fazer frente a estas tendências de longo prazo.
A Michelin anunciou, hoje, aos 1410 empregados das fábricas de Karlsruhe e Trier, assim como aos das atividades de produção de pneus novos e semiacabados em Homburg, a sua decisão de cessar gradualmente as atividades industriais afetadas até finais de 2025. A empresa planeia, também, transferir o seu centro de atenção ao cliente para Alemanha, Áustria e Suíça de Karlsruhe para a Polónia em finais de 2025; 122 empregados ver-se-ão afetados. Esta decisão não afeta o negócio de recauchutagem de pneus para camiões de Homburg, o maior da Michelin na Europa, nem a fábrica de pneus para turismos de Bad Kreuznach. Estes centros continuarão a produzir.
O futuro das atividades da Michelin na Alemanha, tal como nas demais regiões do Grupo, depende de inúmeros fatores. Incluindo estes, em particular, o contexto e a procura do mercado, a competitividade das fábricas, e a qualidade do diálogo entre a empresa e os seus interlocutores sociais. Somente em conjunto é possível alcançar o melhor resultado e a maior competitividade possíveis. Tal ajudará à tomada de decisões responsáveis do ponto de vista empresarial e das pessoas.
“Esta decisão inevitável foi muito difícil e dolorosa de tomar. O compromisso dos nossos empregados, o progresso alcançado, e os investimentos realizados, nos últimos anos, nos centros afetados já não conseguem compensar as fortes pressões competitivas”, referiu Maria Röttger, diretora da região da Europa do Norte da Michelin. “A nossa prioridade, hoje, é apoiar os nossos empregados o melhor que possamos, e acompanhar cada um deles rumo a um novo futuro profissional”.
Pneus low-cost de terceira linha oriundos de países de baixo custo, e aumento dos custos na Alemanha
O resultado vendas aumentou no último ano, devido a melhoria do mix, e à prioridade do Grupo nos segmentos de alto valor acrescentado; contudo, os volumes baixaram num ambiente de mercado desafiante.
Nos últimos anos, o mercado europeu de pneus para camiões registou um aumento significativo das importações de pneus de baixo custo. Entre 2013 e 2022, a quota de mercado dos pneus low-cost, principalmente os oriundos de países com baixos custos de produção, aumentou 11 pontos, em detrimento dos segmentos premium e quality (fonte: Roland Berger). Esta evolução conduz a uma contração do segmento premium, e a uma perda de quota de mercado.
As recentes crises sanitárias e geopolíticas, e o seu impacto nos preços da energia, da logística e das matérias-primas, juntamente com a elevada inflação, provocaram novos efeitos negativos na competitividade da indústria alemã. Em julho de 2023, na Alemanha, os preços do gás natural utilizado para fins industriais tinam mais do que duplicado, por comparação com 2015, enquanto que o preço da eletricidade tinha aumentado 51% (fonte: VCI).
Estes fatores penalizam diretamente as atividades industriais, e também pesam nas exportações dos centros afetados, que já não podem continuar a exportar de forma competitiva para outras regiões. A Michelin mantém a sua estratégia de produção o mais próxima possível dos mercados. Tal conduz a um melhor serviço aos clientes, através de uma cadeia de abastecimento mais forte, ecológica e eficiente, o que leva a uma redução das exportações.
Esta abordagem local-to-local, as alterações dos mercados no sentido de pneus de camião de baixo custo, e os fatores que penalizam a competitividade alemão, deram lugar a um excesso de capacidade estrutural, e a uma falta de atividade nos centros afetados.
No que respeita ao Centro de Atenção ao Cliente, o aumento da pressão competitiva e dos preços requere uma evolução organizativa mais estrutural. Para manter a sua competitividade global, a Michelin transferirá o seu Centro de Atenção ao Cliente de Karlsruhe para a Polónia em finais de 2025.
Michelin trabalhará com os seus parceiros para explorar a possibilidade de converter os centros e apoiar a criação de emprego
A Michelin está comprometida com as comunidades e regiões em que se encontram os seus centros, e trabalhará em estreita colaboração com os interlocutores sociais, autoridades locais e parceiros privados para considerarem, juntos, a melhor opção possível para o futuro dos centros afetados. O objetivo é empreender, conjuntamente, projetos em consonância com as prioridades de desenvolvimento das regiões e a criação de emprego. O desenvolvimento da antiga unidade de produção da Michelin em Hallstadt, próximo de Bamberg, demonstra como pode apoiar-se de forma responsável o encerramento de uma fábrica em colaboração com parceiros. Desde 2020, paceiros das áreas das empresas, da política e da educação têm estado a trabalhar lado a lado para criar uma incubadora de tecnologias orientadas para o futuro, que está a tomar forma no Cleantech Innovation Park. Atualmente, estão a ser planificados os primeiros projetos conjuntos, centrados na Inteligência Artificial e na digitalização, na eficiência dos recursos na produção, e nas energias limpas na mobilidade.
Michelin manterá a sua presença na Alemanha e continuará a modernizar os seus outros centros de produção
O Grupo Michelin continuará a produzir na Alemanha, e a modernizar os seus outros centros de produção estratégicos. Enquanto berço de uma indústria automóvel de vanguarda, a Alemanha continua a ser um mercado muito importante para a Michelin.
A fábrica de Bad Kreuznach desempenha um papel pioneiro: situada perto dos fabricantes de automóveis alemães, esta fábrica de pneus para turismos é um fator de êxito para o desenvolvimento o mercado de pneus de 18 polegadas ou superior. Também fabrica pneus estratégicos de alta tecnologia. Além do mais, o Grupo manterá o negócio de recauchutagem de pneus para camiões emn Hombourg, o maior da Michelin na Europa. Ali também se manterá o processamento de chips RFID. A Michelin continuará a modernizar estes dois centros de produção, para torná-los mais rentáveis e eficientes do ponto de vista ambiental.
O Grupo Michelin manterá importantes atividades industriais e comerciais no mercado alemão. Após estes encerramentos, a Michelin continuará presente na Alemanha, com 2780 empregados nos sectores da indústria, da logística, das vendas, do marketing e da administração. O Grupo também está presente na Alemanha através das suas filiais, como a Euromaster e a Ihle, que empregam cerca de 2000 pessoas.