O papel do distribuidor no mercado português

opiniao - aldomachado

Há cinco anos, iniciei uma etapa profissional no mundo da distribuição de pneus em Portugal. Sendo, por esse motivo, um “jovem” nestas andanças, custa-me enveredar pelo lado histórico da distribuição de pneus e começar a falar de como ela surgiu no nosso país, até porque seria, seguramente, desconhecedor de como tudo tinha chegado ao ano de 2013.

Encontrei, dentro da minha ignorância, um desafio num setor muito diversificado, onde os distribuidores eram “grandes, médios e assim-assim”, uns portugueses que tentavam “entrar em Espanha” e uns “espanhóis que entravam em Portugal”, estruturas novas ou mais antigas, familiares ou mais corporativas, multimarca (quase todos) e multissegmento (os “tais” grandes). Enfim… um sem-número de coisas para aprender.

Ainda se falava, também, de grandes empresas que tinham, entretanto, sucumbido devido à crise económica que se fazia sentir, mas, também, à incapacidade de se adaptarem às novas exigências do mercado. Uma verdadeira avalanche de informação (quase assustadora). Ainda para mais, para alguém que pouco mais sabia do que a medida mais vendida do mercado! Mas… já era tarde para voltar atrás!

Passados estes últimos cinco anos, posso dizer com convicção: ainda não percebo tanto “disto” como gostaria, mas que, efetivamente, existe uma (r)evolução enorme, disso não tenho dúvidas! Neste momento, o mercado está absolutamente efervescente, algures entre o competitivo e o caótico (eu disse que não sabia tanto “disto”).

Passados estes últimos cinco anos, posso dizer com convicção: ainda não percebo tanto “disto” como gostaria, mas que, efetivamente, existe uma (r)evolução enorme, disso não tenho dúvidas!

Competitivo, porque, em 2013, havia menos players num mercado que, cada vez mais, é ibérico (muito graças a empresas do setor que também souberam dar um passo arriscado e passar para lá de Vilar Formoso, isto além de vários nuestros hermanos que já fala(va)m português), porque distribuir pneus em 24h/48h era algo comum e, atualmente, fala-se em entregas bidiárias e quadridiárias, porque a crise obrigou os revendedores a “apertar o cinto” e os stocks elevados deixaram de fazer sentido (custa dinheiro e gera obsolescência).

Por outro lado, o catálogo dimensional e de homologações é algo interminável dentro dos diversos fabricantes, sendo apenas tolerável figurarem em folhas de Excel e não em prateleiras de oficinas, porque a mecânica era só para os mecânicos. Mas, atualmente, o pneu é mais um componente automóvel dentro da vasta oferta do “pit stop automóvel” (os tais que, há cinco anos, pertenciam a empresas ou particulares e que, agora, são, também, de particulares, mas geridos por empresas).

Queremos igualmente que os clientes olhem para nós como parceiros. Por isso, não podemos deixar de lhes oferecer produtos diferenciadores, que tenham algo “à sua imagem” ou então que sejam entregues tão rapidamente como se o produto estivesse na já citada “prateleira”. Porque, hoje, “é um agrícola”, amanhã “é um ligeiro”, depois “é um de moto”, onde este “quer barato”, o outro “quer caro” e há ainda o tal “assim-assim”.

Como confidenciei, no início deste texto, não tenho conhecimento de causa para falar da distribuição “antiga”, mas sei que muito mudou desde 2013. E não foi apenas a distribuição, nem os revendedores. Também mudaram os fabricantes. E todos vão continuar a mudar! Provavelmente, a uma velocidade ainda maior!

No meio deste turbilhão, tenho uma convicção forte: neste momento e ainda que haja quem diga “que não precisa deste ou daquele”, sei que todos precisam de todos. Podemos falar em verticalização do setor, comentar o futuro do pneu em si, tentar saber algo mais sobre o pneu conectado, olhar para mercados mais evoluídos no que toca à oferta B2C, onde o cliente final e o fabricante vão riscando, de forma mais célere, os elos da cadeia que existe, atualmente, em Portugal.

Mas tenho bem claro na minha cabeça que a situação económica do mercado português não é suficientemente forte que permita “veleidades” num espaço temporal tão curto, que os revendedores passem a dispensar um distribuidor porque o fabricante já não pede encomendas programadas, garantias reais ou até porque já faz a tal distribuição bidiária em algumas zonas.

Com taxas de juro extremamente convidativas (mas que sabemos já que não serão eternas), continuamos a constatar que a diferenciação é necessária, mas que a mesma não é indissociável do acesso ao crédito, que a procura de algo “rápido” por vezes supera a procura de algo “ideal”, que o “bom+bonito+barato” já não é apenas BBB mas sim BBBU (mais urgente) e, ainda, mais diferente, mais fácil, mais interativo. E, isso, desculpem a falsa modéstia, encontram mais facilmente no seu distribuidor de referência!