Ar, respirar, saúde e felicidade!, Luis Miguel Martins, Tyre Business Consultant
Os últimos 16 anos, trouxeram mudanças radicais ao panorama da distribuição de pneus em Portugal. Devido à curta dimensão do mercado, a proliferação de Importadores Independentes (Importadores cujo capital social não é detido por nenhum fabricante de pneus), acabou por ser um fenómeno mais tardio.
No entanto, em cerca de 15 anos, o paradigma da distribuição de pneus mudou radicalmente, acabando por evoluir para uma saturação rápida do mercado, com a convivência fervilhante de um sem número de atores, cujas margens de comercialização acabaram por se degradar de forma crítica e, de alguma forma nefasta, para toda a cadeia de valor.
Quero com isto dizer que, a “guerra de preços” que rapidamente se instalou, acompanhada pela “invasão desregrada” de tudo o que pudesse ser considerado um “canal de distribuição”, acabou por prejudicar todo o sector, com a consequente erosão das margens de lucro dos diferentes atores, sejam eles Importadores de Pneus, Distribuidores de Peças Auto, Casas de Pneus, Oficinas de Mecânica, Concessionários Auto, Auto Centros, etc.
Sim, as margens de todos os Pontos de Venda e Assistência a Pneus, também sofreram uma fortíssima degradação. Nos últimos anos, temos constatado que, com o devido respeito pela nobre e tão necessária atividade, até as Oficinas de Chapa e Pintura já se dedicam a vender e montar pneus, salvo honrosas exceções, sem qualquer tipo de preparação técnico/comercial para o fazerem.
Para alguém que não necessita do negócio do Pneu e de tudo o que gira à volta da “Roda”, uma margem bruta de 5,00 € por pneu pode parecer mais que suficiente. É apenas mais um volume que acrescenta ao seu negócio que, no passado, eram serviços que adquiriam (subcontratavam) aos especialistas do pneu.
O problema de hoje, é que o preço de compra para qualquer ator, é praticamente sempre o mesmo, seja ou não um especialista em pneus, compre muito ou compre pouco, encontrará sempre o produto a preço bastante competitivo.
Tudo isto, porque o excesso de oferta gera um nível de concorrência tão intenso, que acabamos a lutar apenas pela nossa própria sobrevivência.
Vender a qualquer custo, sem “olhar a meios” e ao superior interesse do sector/negócio, passou a ser a regra, sem se entender que tudo isto sufoca o negócio de forma irremediável e, sem ar, ninguém respira… se não respiramos, morremos por asfixia.
O sector precisa de ar para respirar de forma saudável e (con)vivermos todos de forma mais próspera e plena de felicidade. Acho que valia a pena pensarmos todos nisto.