Observatório DPAI: Indicadores fundamentais!
Esta edição do Observatório Pós-Venda inclui indicadores sobre as tendências de evolução deste setor; Parque Automóvel; Vendas de veículos automóveis; e principais rácios financeiros e económicos das empresas. Estes rácios são de extrema importância para a gestão das empresas, porque conseguem sintetizar, apenas num número, uma determinada situação de um negócio, ou até mesmo a evolução desse negócio, permitindo visualizar os parâmetros chave da atividade.
Estes indicadores, são fundamentais para determinar objetivos, preparar decisões e enquadrar a gestão. São, também, um instrumento incontornável para efetuar comparações com outros dados disponíveis e calcular as distâncias em relação às metas próprias, à concorrência e aos indicadores internacionais.
Nesta edição são apresentados os dados das vendas de veículos automóveis até outubro de 2023, parque automóvel de 2022 e os rácios financeiros e económicos das empresas em 2022, sem incluir as empresas PME excelência. Todos os outros indicadores, nomeadamente os indicadores sobre as tendências de evolução do sector, estão atualizados tendo em conta os últimos dados disponíveis.
A importância do setor automóvel em Portugal
O setor automóvel, nas suas atividades de fabricação, distribuição e serviço pós-venda é um dos mais dinâmicos do tecido empresarial português, com o seu volume de negócios a ascender a cerca de 33,7 mil milhões de euros, o que representa 7,2 por cento do total da faturação das empresas nacionais.
Indicadores Económicos
A atividade económica manteve-se dinâmica em 2022 e no início de 2023, mas terá estagnado no segundo e terceiro trimestres do corrente ano e deverá manter um crescimento fraco até dezembro, tendo o Banco de Portugal estimado, no Boletim Económico de outubro, uma taxa de crescimento do PIB de 2,1 para o total do ano de 2023, resultado de uma revisão em baixa da anterior estimativa. Importa referir que a projeção do Banco de Portugal para 2023 é a mais baixa das previsões conhecidas: Governo 2,2; Comissão Europeia 2,2%; FMI 2,3%; OCDE 2,5%. Para 2024, parece existir uma quase convergência das várias instituições em torno do valor de 1,5%, exceto por parte da Comissão Europeia que prevê 1,3%.
Inflação automóvel em Portugal
A inflação apresenta uma tendência decrescente e sustentada, apontando o Banco de Portugal “para a convergência da inflação em 2025 para valores consistentes com a estabilidade de preços, num contexto de restritividade da política monetária e expetativas de inflação ancoradas no objetivo do BCE. Para 2023, o Banco de Portugal prevê que o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) se fixe em 5,4%, e, para 2024, em 3,6%. A Comissão Europeia procedeu recentemente a uma revisão da sua projeção da inflação em Portugal para, respetivamente, 5,5% e 3,2%.
Segundo o Governo, a “inflação, medida pela variação do IHPC, deverá desacelerar para 5,3% em 2023 e para 3,3% no ano seguinte. O IPC deverá abrandar de 4,6% em 2023 para 2,9% em 2024, com a diferença entre os dois índices a refletir diferenças na composição do cabaz. Esta desaceleração reflete o impacto acumulado do processo de normalização da política monetária e, em 2024, a contenção das pressões inflacionistas internas reforçada pelo desvanecimento de pressões com origem nos preços internacionais das matérias-primas energéticas, alimentares e industriais”.
A análise da taxa de inflação automóvel em Portugal, observada no gráfico 3, permite-nos concluir que o crescimento do índice dos preços do consumidor dos automóveis, e, em termos globais, do cabaz de bens e serviços que compõem o IHPC, desacelerou em 2023 face aos valores registados em 2022, contrariamente ao que sucedeu nas peças e na manutenção automóvel. A evolução da taxa de inflação nos últimos 12 meses, até Setembro de 2023, situou-se em 8,5% na manutenção automóvel, um valor bem acima do índice global que atingiu 7,2% no mesmo período. Já as taxas de inflação nas peças (7,1%) e nos automóveis (5,9%) ficaram abaixo do IHPC.
Volume de Negócios do pós-venda
O volume de negócios do pós-venda é normalmente baseado no VN do INE para a CAE 453 – Manutenção e reparação de veículos automóveis, tendo sido de seguida efectuado um cálculo em que se somou o valor estimado da economia paralela e retirou-se o valor estimado de mão-de-obra. Assim, estima-se que o VN de negócios do pós-venda tenha atingido, em 2021, 1.670 milhões de euros, mais 7,6% do que no ano anterior, e, em 2022, 1.853 milhões, o que representa um crescimento homólogo de 11%.
Parque automóvel vs empresas de pneus
Em 2018 existiam 1.042 casas de pneus em Portugal, distribuídas entre o continente e as ilhas. O arquipélago dos Açores era a região com maior número de veículos automóveis por cada casa de pneus, cerca de 23.145 veículos. Em segundo lugar estava a região autónoma da Madeira, com cerca de 10.488 veículos automóveis por cada casa de pneus.
Parque Automóvel de Veículos Ligeiros em Portugal
Desde 2015 tem-se verificado um aumento do parque automóvel de veículos ligeiros. Em 2022 o parque de ligeiros registou um aumento de cerca de 2,5%. Mais detalhadamente, o parque de ligeiros de passageiros é composto por 5.560 milhares de veículos, o que significa um aumento de 2,8% face ao parque de ligeiros de passageiros de 2021. Relativamente ao parque de ligeiros de mercadorias, este é composto por 1.163 milhares de veículos, o que representa um aumento de cerca de 1,1% face ao ano de 2021. O parque de veículos ligeiros representa cerca de 81% do total do parque de veículos automóveis (que incluí as categorias de ligeiros e pesados).
Parque Automóvel de Veículos Pesados em Portugal
Também no parque automóvel da categoria de pesados se verifica um aumento desde 2015. Em 2022 registou se um aumento de 1,1% no parque automóvel desta categoria de veículos. Mais detalhadamente, em 2022, o parque de veículos pesados era composto por 135.800 veículos pesados e tratores de mercadorias e 18.200 veículos pesados de passageiros.
Envelhecimento do Parque Automóvel
O parque automóvel nacional encontra-se bastante envelhecido. No caso dos ligeiros de passageiros, em 2022, possuía, em média, 13,6 anos de idade, sendo que o indicador de esperança de vida, a idade média dos veículos em fim de vida entregues para abate, ascendia a 23,5 anos (16 anos em 2006). No caso dos pesados, a idade média em 2022 era de 15,4 anos de idade.
Parque de Ligeiros de Passageiros por Escalões Etários
De 2000 para 2022 o parque automóvel português de ligeiros de passageiros registou um significativo envelhecimento. Em 2000 apenas 1% dos veículos possuíam mãos de 20 anos e 5% tinham entre 25 e 20 anos. Em 2022 a pirâmide etária inverte-se passando de, respetivamente, para 25 e 19%, o peso dos referidos escalões etários. Em 2000 a idade média do parque automóvel de ligeiros de passageiros português (7 anos) era uma das mais baixas na União Europeia, Em 2022 a idade média do parque deste tipo de veículos era de 13,6 anos, uma das mais baixas da União Europeia.
Evolução do número de veículos automóveis matriculados em Portugal
Em 2020 verificou-se uma quebra no número de veículos automóveis matriculados em Portugal, decorrente da pandemia que o mundo e o país atravessou. Nos anos seguintes, 2021 e 2022, o mercado automóvel não recuperou para os valores pré-pandémicos. Anteriormente, quedas semelhantes tinham sido registadas em anos de crise, nomeadamente em 2012.
Matrículas de veículos ligeiros de passageiros em Portugal
A pandemia e a crise dos semi-condutores marcaram o ano de 2020, prolongando-se por 2021. O setor automóvel, nos últimos anos, passou por diversos momentos muito difíceis: atravessou uma recessão em 2003, foi vítima da crise do sub-prime em 2009 e da presença da Troika em Portugal em 2012, com as consequentes medidas de forte restrição que levaram o sector automóvel a atingir mínimos históricos de vendas de veículos, e, em 2020, foi surpreendido pela crise pandémica, que conduziu a uma nova forte queda das vendas, a qual não foi ainda totalmente recuperada.Em 2023 assistimos ao eclodir da guerra na Ucrânia e na Faixa de Gaza, o que aumentou a instabilidade e o nível de risco.
Por outro lado, o cumprimento das metas ambientais, extremamente exigentes, que obrigam a enormes investimentos por parte da indústria, coloca problemas adicionais ao setor, que viu o seu volume de negócios cair drasticamente nos últimos anos face a 2019, o último ano antes da pandemia. O setor automóvel ainda atravessa um problema do lado da oferta, não sendo possível satisfazer integralmente a procura devido à persistência de disrupções nas cadeias de abastecimento, mas existe também um problema do lado da procura, com os consumidores a adiarem decisões de compra devido à instabilidade geopolítica.
De janeiro a outubro de 2023 forma matriculados mais 31,7% ligeiros de passageiros novos do que no mesmo período do ano anterior.
Matrículas de veículos ligeiros de mercadorias em Portugal
Também nos veículos ligeiros de mercadorias verifica-se um aumento de 19,7% face ao período homologo de 2022. Contudo, e no seguimento do que acontece com os veículos ligeiros de passageiros, quando comparado com o mercado de 2019, verifica-se uma queda de 27,4% face ao período de janeiro a outubro de 2019.
Matrículas de veículos pesados em Portugal
No que toca aos veículos pesados, estes registaram um aumento de 22% face ao período homologo de 2022. Em comparação com os dez meses de 2019, este mercado registou um crescimento de 15,3%, ao contrário do que acontece com os veículos ligeiros.
Eletrificação e pós-venda
A mobilidade elétrica será uma realidade incontornável muito em breve, tendo que foi recentemente aprovado o pacote legislativo que irá proibir a matrícula de veículos com motores de combustão interna já a partir de 2035 na União Europeia. Apesar disso, o processo de transformação do parque automóvel da combustão para a eletrificação total ainda demorará muitos anos, pelo que o sector do pós-venda terá um longo período para se adaptar a uma nova realidade que, caso fosse muito rápida, seria fortemente disruptiva.
Evolução do mercado de Ligeiros de Passageiros sem motores a combustão a partir de 2024 (Quadro 17)
Se a partir de 2024 deixassem de ser vendidos veículos com motor de combustão interna, apenas em 2057, ou seja, dentro de 34 anos, é que os veículos zero emissões teriam substituído os veículos com motor de combustão interna.
Na edição impressa do Anuário da Revista dos Pneus pode consultar toda a informação completa com recurso a quadros de análise de dados.